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Little Drop of Poison

veneno avulso com antídoto incorporado

veneno avulso com antídoto incorporado

Little Drop of Poison

13
Mar09

Inversão de valores

antídoto

 

Faltam uns minutos para as 9 da manhã de quinta-feira quanto entro na pastelaria e me encosto ao balcão para o primeiro café do dia.

A televisão inicia um bloco noticioso com a passagem do Futebol Clube do Porto à fase seguinte da Liga dos Campeões.

Muitos dos homens, que se alinham ao meu lado, viram-se e dão um ou dois passos no sentido do televisor, para melhor verem e ouvirem a reportagem.

Segunda notícia: "A Alemanha acorda em estado de choque, com o massacre de Waibligen...".

Todos viram costas e voltam a dedicar-se ao cafezinho, comentando o jogo do F.C.P.

A coisa foi tão evidente que me deixou perplexo.

Geralmente os massacres nas escolas são sinónimo de audiências, o povo gosta. Todos debitam  comentários mais ou menos banais, ninguém pensa muito profundamente no assunto, enfim, o ideal para conversa de café. Mas desta vez havia futebol e ele ganhou por goleada.

Será que andamos assim tão alienados que já nada que não nos diga directamente respeito nos afecta?

 

 

 

11
Dez08

Feliz Natal

antídoto

"Vou fazer um slideshow para você.


Está preparado?
 

É comum, você já viu essas imagens antes.
 

Quem sabe até já se acostumou com elas.
 

Começa com aquelas crianças famintas da África.
 

Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
 

Aquelas com moscas nos olhos.
 

Os slides se sucedem.
 

Êxodos de populações inteiras.
 

Gente faminta.
 

Gente pobre.
 

Gente sem futuro.
 

Durante décadas, vimos essas imagens.
 

No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
 

Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
 

São imagens de miséria que comovem.
 

São imagens que criam plataformas de governo.
 

Criam ONGs.
 

Criam entidades.
 

Criam movimentos sociais.
 

A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá, sensibiliza.


Ano após ano, discutiu-se o que fazer.


Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
 

Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.
 

Resolver, capicce?


Extinguir.
 

Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.


Não sei como calcularam este número.
 

Mas digamos que esteja subestimado.
 

Digamos que seja o dobro.
 

Ou o triplo.
 

Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
 

Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
 

Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
 

Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia. Bancos e investidores.
 

Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar.
 

Se quiser, repasse, se não, o que importa?
 

O nosso almoço tá garantido mesmo... "

 

 

Texto atribuído a Neto, da Bullet, uma agência de Marketing brasileira. 

17
Out08

O mundo anda cão

antídoto

Nos anos 60, com o movimento hippie,  nasceu uma filosofia de vida que acabou por se disseminar, na sua essência, por todas as áreas das sociedades e tornar-se parte da cultura ‘principal’. Eles foram os precursores da liberdade sexual, da não-discriminação das minorias, do ambientalismo, da igualdade, da não-violência, até do misticismo actual. Celebravam a vida e o amor.

 
Hoje, no ano 8, vivemos uma filosofia de vida que exalta o "deus" que existe dentro de cada um de nós, o "Eu", a fuga de padrões pré-estabelecidos para a criação dos nossos próprios padrões, numa palavra, o individualismo.
As pessoas são medidas e admiradas pelo seu poder, pelo seu sucesso, pelo carro que guiam, as marcas que vestem, o relógio que exibem e tudo se resume a ajudar quem nos ajuda e a desprezar, nem que seja pela indiferença do esquecimento, os que não são dignos da nossa ‘estima’, em vez de fingirmos que nos preocupamos com eles.
Importa-nos pouco o outro, a não ser na medida em que serve os nossos desejos, emocionais, carnais, financeiros ou outros.
Vivemos para a essência da vida e não para fúteis sonhos espirituais, para a vingança e não para dar a outra face, para o ‘eu quero’ e não para os ‘vampiros psíquicos’.
Adoramos todos os denominados pecados, uma vez que todos nos dão gratificação física, mental e emocional!
Enfim, vivemos para  a satisfação dos nossos desejos inatos e só nos  conformamos com os desejos dos outros quando, em última análise, isso nos vai beneficiar.
Somos como crianças pequenas que não se privam dos seus desejos mais naturais e que fazem tudo para conseguirem o que querem em cada momento.
Se pensarmos bem, nada disto é estranho ou criticável, antes algo intrínseco ao ser humano consciente e inteligente.
Não fossemos nós corrompidos pela moral, hipocrisia, estupidez e escravidão do mundo que nos rodeia e manteríamos o egoísmo da pureza original.
 
É triste mas parece-me que para lá caminhamos.
 
 
P.S. Há uma associação que defende este estilo de vida, se alguém se reviu no que leu pode saber mais aqui.
 
 
22
Set08

Princípios

antídoto

 

A moral vigente é uma espécie de caldo requentado que muitos sorvem em público, com um sorriso recatado e vomitam, aliviados, quando ninguém está a olhar.
 
E, concordem em coro, é bom perceber a evolução das mentalidades e a liberdade individual em que se traduz.
 
Mas, e há sempre um mas, o facto é que muita gente se sente perdida e desequilibrada nas inter-relações desta nova selva sem parâmetros.
 
Há uma minoria em crescendo, ainda mais homens que mulheres, que aproveitam regaladamente o manancial de sexo fácil e destroçam, sem quaisquer pruridos, os que, não sendo como eles, se deixam atrair para a sua teia. A emoção alheia é-lhes absolutamente indiferente e nada os impede de pintar mais uma cruz na fuselagem.
 
E há a grande maioria que sente e que sofre com os reveses das relações, que vai ficando céptica, descrente, amarga, se arma de pseudo indiferença e vai passando paulatinamente para o outro lado, onde nunca consegue estar bem, descontraída e serena, porque insiste em afirmar e viver algo que, simplesmente, não faz parte da sua natureza.
 
Tenho o meu historial de cruzes na fuselagem, raramente me apaixonei ao longo da vida e/ou senti necessidade de ter uma namorada.
 
A pulsão sexual está sempre presente, mas se é só isso tem que haver um limite e, para mim, esse limite é a dor alheia.
 
Sempre procurei olhar mais além,  ver também pelos olhos de quem me interessava e, batam-me, pelos dos terceiros que poderia vir a pisar.
 
Sou um monógamo em série? Pode-se dizer que sim. Mas sempre fui leal e verdadeiro com as minhas parceiras. Se o sexo é tão fácil, podemos fazer opções e gozá-lo mais ao lado, tentando não desequilibrar e magoar aqueles que apenas querem amar e ser amados.
 
Podem-lhe chamar moralismo hipócrita, eu acho que é apenas sensibilidade humana.
 
E quando amo, amo! E essa é toda uma outra história…

 

 

 

Boomp3.com
03
Mar08

Mas as crianças, Senhor...

antídoto
Continua a discutir-se o sexo dos anjos no que respeita à adopção por casais homossexuais.

Uma sondagem de 2006 refere que apenas 19% dos portugueses concordam com ela.

Os psis são muito cautelosos porque, "no maior interesse da criança", se deve evitar o estigma social que resultaria em ter dois pais ou duas mães, com o correspondente trauma. Sim, claro, hoje em dia é só traumas, temos que ter cuidado.

Convém não esquecer que nada indica que a convivência com pais gay transforme as crianças em gayzinhos. Mas convém, ainda mais, não deixar de procurar provas dessa eventual calamidade. Sim, porque nós somos muito abertos e liberais mas não queremos cá paneleirices.

Entretanto...

O Instituto de Medicina Legal atende, pelo menos, duas crianças por dia, vítimas de abuso sexual, um fenómeno cada vez mais presente ou visível na sociedade portuguesa.
Na esmagadora maioria dos casos, estes crimes são cometidos pelos pais ou família próxima.

O Instituto Português de Apoio à Vítima recebeu, só no primeiro semestre de 2007, 500 participações de violência contra crianças.
Mais de 90% aconteceram no ambiente familiar.

Há no país centenas de crianças institucionalizadas e que nunca serão adoptadas.
E somam-se os casos de maus-tratos, violência e abuso sexual, dentro das instituições estatais ou apoiadas pelo estado.

Ok, estes são pais, tios, primos, educadores, têm legitimidade e não são maricas, as criancinhas ficam bem... 
.
Porque será que a adopção por casais homossexuais me faz lembrar a história da legalização do aborto?

É que o que não é legalmente possível acontece, cada vez mais, na prática.

Pergunto-me o que é preferível. Pais nenhuns, maus pais, ou pais homossexuais que dêem  amor, protecção e educação?

Mas, já se sabe, durante mais uma ou duas décadas vamos continuar, veementemente, a não concordar.



Música: Marlena Shaw - Save the Children
20
Fev08

We are the world

antídoto
Vivemos num mundo estranho, embrenhados na nossa própria vidinha e opacos a  quase tudo o que está para além dela.

De vez em quando lá acontece um drama, uma catástrofe natural, um atentado terrorista a que os média dão especial atenção e do qual falamos sabedora e descontraidamente nas semanas seguintes.

Foi o caso, por exemplo, do 11 de Setembro de 2001 que nos deixou a todos chocados.

E é muito bom mantermos a capacidade de nos chocarmos com o sofrimento alheio, essa é, afinal, uma das maiores virtudes humanas.

Pena é que, no nosso dia-a-dia, sejamos completamente indiferentes a outros dramas bem mais graves e permanentes.

Como os referidos pela MTV numa campanha, logo censurada, que vos mostro abaixo.




"2863 pessoas morreram.  Há 40 milhões de infectados pelo vírus HIV no mundo. 

O mundo uniu-se contra o terrorismo.  Já se deveria ter unido contra a SIDA".




"2863 pessoas morreram.  824 milhões de crianças passam fome em todo o mundo. 
O mundo uniu-se contra o terrorismo.  Já se deveria ter unido contra a fome".



"2863 pessoas morreram.  Há 630 milhões de sem-abrigo no mundo. 

O mundo uniu-se contra o terrorismo.  Já se deveria ter unido contra a pobreza".


 
22
Jan08

Coisas importantes

antídoto
Eu fumador me confesso.
 
Porém, a mudança de regras não é mais que um pequeno incómodo, até porque já todos conhecemos os cafés, restaurantes e bares onde nos é permitido o vício.
 
E há inúmeras listagens desses espaços na Internet, para gáudio da ASAE que, assim, é só fazer um print e ir até lá passar as coimas.
 
Fico sensibilizado por ver um programa televisivo a debater durante horas os prós e contras do fumar, onde fumar e como fumar, pois que fico.
 
Mas… interrogo-me como é que criámos uma sociedade onde se debatem acaloradamente todas as merdices sem jeito nenhum e ninguém se interessa por debater e resolver os verdadeiros problemas.
.
 
..
 
26
Out07

I, Me, Myself

antídoto
O egocentrismo e o individualismo são, cada vez mais, a imagem de marca dos nossos dias.
 
Há uma imensidade de gente a afirmar-se orgulhosamente só e a viver com o único objectivo do seu prazer pessoal.
 
Estou sempre a ouvir e a ler coisas como o meu desejo, o meu ego, a minha auto-estima, o meu objectivo, a minha vontade, o meu tesão, o meu prazer e vou notando que tudo o que possa ser um entrave à obtenção desse prazer linear e imediato é afastado como indesejável.
 
Os filhos e as crianças em geral são indesejáveis, um impedimento ao prazer.
 
As relações formais, prolongadas no tempo, não são algo a cultivar, antes uma monotonia e um impedimento ao prazer.
 
A calma, a simplicidade, o equilíbrio, são um tédio que não proporciona nenhum prazer.
 
O enamoramento está a cair em desuso e o romantismo é uma tontice de gente banal que não domina o jogo da sedução e a conquista, gente demasiado retrógada para poder gozar o maior dos prazeres,  o sexo pelo sexo. 
 
E esta forma de viver a vida associa-se muitas vezes à incapacidade de aceitar uma opinião divergente,  ao calculismo permanente relativamente aos outros, à combatividade e conflituosidade exageradas.
 
Tu, ele, vós, eles? Que se lixem.
.
São melhores, diferentes, únicos, superiores, sabem exactamente o que os outros pensam, sentem e querem. Dominam a cena toda.
.
Farto-me de pecar e sou tudo menos púdico ou conservador.
Nunca critico ninguém, individualmente, pela forma como escolhe viver a sua vida, mas olho-os e sorrio interiormente, sei que o tempo não pára e os vai fazer perceber o essencial.
 
Ou não.
 
20
Out07

Deformados

antídoto
O Dr. *** é Juiz e uma das “forças vivas” da cidade, participando activamente em diversas associações de carácter beneficente.
 
É uma pessoa informal, boa conversadora e voluntariosa, mostrando-se sempre acessível e interessado, tanto profissional como socialmente.
 
Simpatizo bastante com o Dr. ***, que não via há mais de um ano.
 
Há duas noites atrás saí, a seguir ao jantar, para ir tomar um café e quem vejo eu? O Dr. ***.
 
Aproximei-me para o cumprimentar mas, verificando que estava a falar ao telemóvel, parei a uma distância razoável, para lhe permitir terminar a chamada.
 
Mas o Dr. ***  estava a falar bastante alto, quase a gritar.
 
- Ah não queres mais?
...
- E achas que basta dizeres?
...
- Eu devia era ter-te dado uns murros nessa tromba, que é o que tu precisas!
- Se as tivesses levado, se calhar ainda estávamos juntos, mas deixa estar que não perdes pela demora!
 
Afastei-me sem cumprimentar o Dr. ***  que nem deu por mim.
 
Conhecem-se as pessoas, conversa-se com elas e não há ninguém que não debite o politicamente correcto.
São todos gente fina e bem formada mas chega um momento de crise e, regra geral, vem ao de cima a verdadeira e obscura natureza de cada um.
 
Sou capaz de admirar os filhos da puta com personalidade para o afirmarem, esses mostram logo o que são. O que me deixa a ranger os dentes são a maioria de sonsos, demasiado cobardes para assumirem o que efectivamente pensam.
 
O mesmo Pierre Louys que mencionei no post de 12 de Outubro, tem uma frase significativa:
 
Começai pois por respeitar a hipocrisia humana a que também se chama virtude…
 
A frase está fora do contexto, o homem até era um contestatário dos costumes, mas uso-a para exemplificar o que continua a ser um lugar comum nas relações humanas que me irrita e de que maneira. 
.
É que o mundo está cheio de deformados mentais que usam, abusam e agridem durante e após o fim das relações amorosas. Que ignoram ou, pior ainda, usam os filhos como arma contra o objecto das suas frustrações e ódios.
Cada vez mais se noticiam  homicídios resultantes da incapacidade dos coitadinhos em aceitarem  serem deixados.
.
E essa gente vive entre nós, são pessoas aparentemente 'normais', algumas cheias de medalhas e exemplos de bons princípios.
.
Simpatizava bastante com o Dr. ***.
.

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