Princípios
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Sexta-feira à noite, Bairro Alto.
Um bar com música no volume ideal, suficientemente audível para ser sentida, mas sem impedir o prazer das conversas.
Observo a fauna presente, alguns espanhóis, ingleses, uma maioria de portugueses, diversos estilos e idades, sempre casais ou grupos mistos.
Noto a vivacidade nas conversas, os risos, os olhares, a expressão corporal, a tentativa de sedução omnipresente.
O meu olhar fica preso numa mesa de canto. Dois casais, menos de 30 anos, bem vestidos, atraentes.
Estão calados, bebericando dos copos, entretendo as mãos com porta-chaves e cigarros, um ar maçado nos rostos. Elas vão trocando monossílabos breves, eles nem isso.
Provavelmente um arrufo, penso. Mas, de repente, uma delas vasculha na bolsa e saca um baralho de cartas.
Os rostos animam-se, os sorrisos voltam, os copos afastam-se e começam um jogo, não sei exactamente de quê.
Vou divagando interiormente. Que raio levará a que as pessoas saiam de casa quando não sentem nenhum prazer em sair?
Depois faz-se luz, olho melhor, são casais mesmo, têm-se como garantidos.
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Ali não mora a vertigem da caça, não há jogos de sedução, não sentem a necessidade de se mostrar interessantes.
E por isso já não há conversa, sim um jogo de cartas num bar algures no Bairro Alto.
Pergunto-me se a generalidade das pessoas, por baixo da casca divertida e interessante, será mesmo o deserto interior que tantas vezes encontro.
Não há o tónico da conquista, a perspectiva de sexo, e tudo se acinzenta.
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Onde ficará o conteúdo, as opiniões, os temas de interesse, a discussão de ideias, o prazer da conversa pela conversa?
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Sexo é muito, muito bom. Jogos de sedução inteligentes são verdadeiramente estimulantes. Mas só isso é tão poucochinho...
A palavra que me vem à cabeça é condenados.
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