Leva-me à minha rua
Quinta-feira, final de tarde, o trânsito faz-se lentamente no centro da cidade, num pára-arranca continuado.
De repente um vulto atravessa-se à frente do carro e, antes que me dê conta, uma jovem deficiente mental abre a porta do lado direito, senta-se e, sem olhar para mim, ordena: - Leva-me à minha rua!
Olho-a, entre perplexo e divertido, deve ter vinte e poucos anos e continua a fixar o pára-brisas.
- Sabes onde é a tua rua?
- Sei, vai por aí!
E fomos. Circulei por ruas desconhecidas, seguindo as indicações dela.
Notando que a fitava, olhou-me uma única vez nos olhos e 'descansou-me' - Não tenhas medo que eu não faço mal a ninguém.
Não tinha, estava a gozar aquele momento surpreendente e a gostar.
Não se enganou na indicações, em menos de 10 minutos deixei-a em frente de um edifício com bom aspecto, despedindo-se com um "boa semana".
Assim que se fechou a porta, a criança de 5 anos que ia atrás, até aí silenciosa, perguntou: - Quem era?
Nem pensei na resposta, saiu-me "uma pessoa deficiente".
- O que é uma pessoa deficiente?
(...)