Eu sou, eu sei, eu quero...
Buscamos o autoconhecimento , vivemos de acordo com aquilo que para nós é ideal, decidimos o que queremos e não queremos, dizemos a nós próprios que isto e aquilo nunca faremos, pelas mil e uma razões que garantidamente nos dizem que assim será.
Adquirimos imensas certezas e temos a tendência de pensar que as nossas certezas são boas para nós e para os outros.
Arrogamo-nos a capacidade de aconselhar os amigos nas horas de crise emocional, esquecendo que é impossível sentir e verdadeiramente perceber o que eles sentem e vivem nesses momentos.
A verdade é que cada um de nós vê o mundo, a vida e os outros através das lentes baças do lastro genético e educacional que transportamos e debitamos as nossas sentenças filtradas pelos muitos pré-conceitos que julgamos até não possuir.
Mas, ao contrário do que muitos afirmarão de si próprios, o nosso interior não é um mundo metódico, é antes uma desarrumação, um conjunto desconexo, incompleto e em permanente mutação, capaz de nos surpreender quando menos esperamos.
Como é que podemos, assim, pretender ter garantias e certezas absolutas sobre nós, os outros e as relações que com eles construímos?
Quere-lo não será uma utopia, algo inatingível, uma luta inglória que acaba por se tornar contraproducente?
Até porque, de vez em quando, nos cruzamos com pessoas com quem todas as nossas crenças, certezas e arrogâncias se esvaem...