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Dez07
Intensidade
antídoto
Nascemos e somos cuidados, alimentados, criados, protegidos e incondicionalmente amados pelos nossos pais.
Crescemos nessa bolha confortável que nos protege do mundo exterior, plenos de imaginação, fantasia e ilusão.
E chega o dia em que, voluntariamente, nos afastamos das asas protectoras dos pais, desejosos de iniciar um novo ciclo das nossas vidas, seguros de que vamos realizar tudo o que sonhámos.
Sentimo-nos os melhores, diferentes dos restantes, capazes de tudo, fortes, indestrutíveis, imortais.
Os anos vão passando, lutamos, ganhamos e perdemos batalhas, vamos percebendo que, afinal, não controlamos integralmente a nossa vida, que muitas vezes o acaso põe e dispõe e que nunca descansaremos.
Instala-se a insatisfação emocional com muitos aspectos da sociedade que criámos e do rebanho humano que nela pasta.
E, ainda que não o confessemos, há momentos em que desejávamos poder regressar à bolha, esquecer tudo e apenas deitar a cabeça no colo dos que nos alimentaram, criaram, protegeram e incondicionalmente amaram.
Temos cada vez mais presente a noção da nossa finitude.
A incapacidade de o conceber inventa para nós soluções mágicas de continuidade a que muitos se entregam.
Filosofias, gurus, bruxos, religiões, deuses, promessas de leite e mel, de outras vidas, de eternidade.
Outros, poucos, assumem e aceitam o conceito biológico da vida, nascer, crescer e morrer, ponto final.
E dito isto o que sobra?
Ó pá, sobra tudo!
A vida é bela, tem muitas coisinhas fantásticas e há que deixarmo-nos de parvoíces e vivê-la intensamente.