24
Jul07
Será que ainda vou a tempo? *
antídoto
Em pleno XXI, os tabus relativamente à paridade sexo/amor foram eliminados mas prevejo que se ergam novas barreiras em meados do século (senão antes) numa tentativa de evitar a banalidade. No entanto agora é de aproveitar que os tabus estão a cair por terra...
O amor é um vicio privado? Não, toda a gente ama mas por pouco tempo. Ama-se tanta gente que qualquer dia o amor será um vicio público! E depois, embora ainda existam pessoas que sofrem por amor, logo a seguir encontram outra pessoa a quem atribuir tal sentimento!
Já ninguém quer ficar preso a uma dor que só existe na cabeça.
O sexo é um pública virtude? É. Toda a gente faz sexo e tem orgulho nisso. Fala-se em orgias. Falamos uns para os outros as posições, os gostos, os fetiches. Rimos e esperamos que o parceiro nos faça subir ao céu. Caso algo corra mal seguimos em frente. Arranjamos outro parceiro... experimentamos... relatamos e há quem conte ao amigo e ao amigo do amigo que por acaso lá estava perto! Precisamos de dizer epá fulano é bom no sexo, eu faço isto e aquilo e o gajo ficou maluco comigo... e comentamos em alarido para o nossos amigos e para toda a gente que estiver num raio de 10 metros saber que ali está uma "bombmachine" virtuosa em sexo! E venha o próximo.
Digo eu agora, sei lá, amanhã posso dizer outra coisa ;)
.
* Comentário da Kruella ao post 'Grandes temas de conversa'.
.
- Está tudo acabado entre nós.
- Porquê?
- Dormiste com o Kit.
- E então?
- Não tinha pensado nisso...
- Encontramo-nos às oito?
- Ok.
.
Cena de "O Sem-vergonha", uma comédia de 1999 de Frank Oz.
.
- - -
.
Sim, eu sei que está (quase) tudo a ir por este caminho. Eu próprio o percorri em boa parte da minha vida, com excepção do "relatamos e comentamos em alarido", que sempre achei deprimente e resultante da necessidade patética de auto-afirmação que todos parecem exibir.
E, para ser completamente sincero, ainda o vou percorrendo e considero que é uma evolução positiva, relativamente ao passado.
Mas o facto é que o excesso e o exagero são, por si só, também negativos.
Cheguei a um ponto em que me começo a interrogar, a achar insatisfatória esta coisa do muito riso, muito divertimento, muito fast-sex.
Até porque parece que ninguém se consegue divertir verdadeiramente sem emborcar uns copos ou meter uns comprimidos e afins.
E, claro, são todos muito livres, levezinhos e liberais, mas é quase regra o pavor que sentem relativamente ao amor e à eventualidade do sofrimento.
Claro que o derrubar da tacanhez mental e do puritanismo bacoco são óptimos e ainda há muito caminho a percorrer.
Mas estamos a perder a capacidade de nos darmos, de confiarmos, de conseguirmos a intimidade emocional que permite ir fundo no outro e o construir de coisas muito bonitas e fundamentais para o nosso bem-estar emocional.
Estarei a ficar velho?
Cheguei a um ponto em que me começo a interrogar, a achar insatisfatória esta coisa do muito riso, muito divertimento, muito fast-sex.
Até porque parece que ninguém se consegue divertir verdadeiramente sem emborcar uns copos ou meter uns comprimidos e afins.
E, claro, são todos muito livres, levezinhos e liberais, mas é quase regra o pavor que sentem relativamente ao amor e à eventualidade do sofrimento.
Claro que o derrubar da tacanhez mental e do puritanismo bacoco são óptimos e ainda há muito caminho a percorrer.
Mas estamos a perder a capacidade de nos darmos, de confiarmos, de conseguirmos a intimidade emocional que permite ir fundo no outro e o construir de coisas muito bonitas e fundamentais para o nosso bem-estar emocional.
Estarei a ficar velho?
.