E o tempo é tão curto
“Todos os homens morrem, mas nem todos vivem”
Esta frase, proferida por William Wallace num contexto próprio, serve que nem uma luva para definir a forma como muitos vivem.
Medo de arriscar, medo de explorar, medo de dizer, medo de parecer, medo de assumir, medo de mostrar, medo de pensar, medo de sentir, medo do futuro, medo da velhice, medo de amar, medo de sofrer, medo, medo, medo.
E assim vão caminhando dia após dia, numa semi-vida cinzenta, frustrada, insatisfatória, incompleta, contida, pendente do amanhã, crente numa felicidade sempre futura.
Vejo tanta gente dedicada a cinzelar detalhadamente as suas decepções e infelicidades, amorosas ou não, a ser vencida pelo arrastar dos dias, a deixar-se resvalar para a depressão, a cair na inanição, como se a alegria de viver estivesse umbilicalmente ligada a algo ou a alguém, para além de si próprios.
Em 2006 venderam-se em Portugal 80 milhões de euros em sedativos e ansiolíticos, o que diz bem do estado geral da nossa saúde mental e de como são contra-natura as normas que nos regem e a sociedade que criámos.
E se experimentassem mudar o rumo, se deixassem de lamúrias, libertassem de amarras mentais e agissem, hun?
É que só há duas maneiras de viver: esperar que a vida aconteça ou fazer a vida acontecer.
E o tempo é tão curto…