24
Set08
Irrita-me
antídoto
Irrita-me solenemente que o Sr. Presidente, o Sr. Primeiro-ministro, o Governo, a Assembleia da República e as pessoas em geral, se imiscuam e pretendam, por acção ou omissão, interferir nas questões de consciência e na liberdade individual de nós todos.
O Estado serve, deveria servir, para regular decentemente o território, a economia, a fiscalidade, a segurança, a saúde, o ensino, and so on.
O Estado não serve, não deveria servir, para impor a sua interpretação moral de questões que só dizem respeito ao íntimo de cada um de nós.
O estado serve, deveria servir, para criar condições de igualdade, perante as instituições, a todos os seus cidadãos, de acordo com regras de elementar justiça social.
O estado não serve, não deveria servir, para impedir por decreto aquilo que é questão de facto e prática diária.
As relações homossexuais existem de facto e são idênticas a quaisquer outras. Porque razão não têm o direito de se equipararem civil e fiscalmente aos casamentos?
As separações acontecem, de facto, todos os dias. Porque razão impedir a sua oficialização por divórcio, impondo, isso sim, regras no que respeita aos direitos dos filhos e dos ex-cônjuges?
Crianças criadas por dois pais ou duas mães? Claro que existem! Porque impedir as pessoas que mais as amam de as adoptarem e/ou legalizarem a situação?
A prostituição é uma profissão de risco e de desgaste rápido. Porque não legalizá-la e impor-lhe regras como às demais?
O estado não é laico?
Irrita-me!!