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Little Drop of Poison

veneno avulso com antídoto incorporado

veneno avulso com antídoto incorporado

Little Drop of Poison

12
Nov07

E ao terceiro dia...

antídoto

Sexta-feira

23 horas.

.

Recebo um telefonema de um amigo comum, comunicando-me que o M, que mora no Sul do país, se tinha suicidado há 15 dias atrás.

.

Segunda-feira

11 horas.

.

Recebo um telefonema de outro amigo comum, comunicando-me que, afinal, não foi o M que se matou, sim outro colega de profissão que não conheço.

.

11 horas e 5 minutos.

.

Telefono ao M e chamo-lhe todos os nomes feios que conheço, antes de o 'abraçar'. 

O M está pasmado, ninguém lhe tinha dito que tinha morrido.

Acabamos a rir e a combinar um encontro para breve.

.

De maneiras que é isto, ele ao terceiro dia ressuscitou e eu fiquei mais perto do enfarte.

.

Seja lá como for, isto serviu para me tirar da modorra e me fazer sentir cheio de vida.

Nada como bater no fundo para, depois, me apetecerem voos picados.

.

Música: Cake - Short Skirt / Long Jacket

11
Nov07

Diário de bordo

antídoto
O diário de bordo das nossas vidas vai crescendo paulatinamente, quase sem nos darmos conta.

Nele encontramos algumas páginas, esparsas, de momentos marcantes.

As fases vibrantes,  de felicidade, conquistas, glórias e sucessos.

E os períodos vestidos de dor, de ruptura, de abandono, de derrota, de perda.

Mas na esmagadora maioria dos dias temos apenas pequenas anotações, aparentemente sem nada de interessante. Funcionam como pequeninas  peças de puzzle que vamos metodicamente encaixando, construindo, afinal, a nossa história e aquilo que somos.

Com o passar dos anos, o nosso diário de bordo mostra-nos, cada vez com mais frequência, as marcas de sombras negras.

Os nossos familiares e amigos próximos  vão desaparecendo, arrancados de nós pela
idade, os acidentes, as doenças.
 

Ou pelos suicídios.

Descansa em paz, meu grande idiota.


Música:
07
Nov07

Vida ingrata

antídoto

- Parabéns, pá, 65 anos já ninguém te tira.
- Obrigado.
- Mas que cara é essa?
- Nada, ando um bocado preocupado.
- Mas o que foi?
- Sabes, a minha mulher deixou agora de tomar a pílula.
- Mas é algum problema de saúde?
- Não, a menopausa, está com 50.
- É pá, mas isso hoje em dia nem é problema.
- Eu sei, não é isso, ela até está mais descontraída e sexualmente receptiva.
- E então qual é a questão?
- É que agora sou eu que começo a precisar da pílula...


.


Imagem: Retirada daqui

Música: Joe Cocker - Feeling Alright
06
Nov07

EU ENTENDO AS MULHERES!!!

antídoto

Anda este mundo e o outro a queixar-se, eles porque não entendem as mulheres,  elas porque não entendem os homens.

 

Daí partem para as generalizações patetas, tipo "eles são todos iguais, querem todos o mesmo" ou "elas são todas volúveis e complicadas".

 

Pior ainda, inculcam isso nas próprias cabecinhas e agem e reagem como se de uma lei inderrogável se tratasse.

 

E depois acontece como ao Alice Cooper, a cantar que a quer amar mas é melhor não tocar, que a quer abraçar mas a quem a intuição manda parar, que a quer beijar mas os lábios dela são veneno...

Porra, pá, deixa-te de merdas e agarra a mulher de uma vez!!


Confesso, já não aguento estar sempre a ouvir a mesma cantilena, a próxima alminha que me vier com lamúrias corre o sério risco de ser severamente fustigada.

 

Para o evitar vou aqui afirmar, alto e em bom som:


EU ENTENDO AS MULHERES! (já vos conto mais abaixo)

 

Quanto aos homens, que caramba, o que é que há para entender?

 

Ok, meninas, é verdade, nós somos bichos lineares. Não procurem entrelinhas no que dizemos, somos diferentes nesse aspecto.  

 

E sim,  assumam que temos sempre o sexo na cabeça e no corpo, porque, em regra, também é verdade.

 

O que não podem assumir é que somos todos incapazes de ser verdadeiramente amigos,  estáveis e leais, enfim, de querer o mesmo que muitas de vocês.

 

20% de nós, homens e mulheres, são predadores inveterados, não querem ligações sérias, vivem casos atrás de casos, ou apenas sexo descartável.

 

Mas 80% de nós, homens e mulheres, são pessoas sexualmente inexperientes, vivem as suas vidas pacatamente, desejam encontrar o amor e assumir relações estáveis.

 

Por isso meninas, se é o que querem, procurem-nos e sejam mais atentas.

 

Han? O quê? São gajos menos estimulantes? Não dão luta? Babam-se muito? Então não se queixem dos predadores.

 

Agora, rapazes,  vou-vos contar o segredo para entenderem as mulheres.

 

Eta, nem tinha reparado nas horas!

 

Tenho que ir ali, fica para uma outra oportunidade.

 

Música: Alice Cooper - Poison

05
Nov07

Condenados

antídoto

Sexta-feira à noite, Bairro Alto.

 

Um bar com música no volume ideal, suficientemente audível para ser sentida, mas sem impedir o prazer das conversas.

 

Observo a fauna presente, alguns espanhóis, ingleses, uma maioria de portugueses, diversos estilos e idades, sempre casais ou grupos mistos.

 

Noto a vivacidade nas conversas, os risos, os olhares, a expressão corporal, a tentativa de sedução omnipresente.

 

O meu olhar fica preso numa mesa de canto. Dois casais, menos de 30 anos, bem vestidos, atraentes.

 

Estão calados, bebericando dos copos, entretendo as mãos com porta-chaves e cigarros, um ar maçado nos rostos. Elas vão trocando monossílabos breves, eles nem isso.

 

Provavelmente um arrufo, penso. Mas, de repente, uma delas vasculha na bolsa e saca um baralho de cartas.

 

Os rostos animam-se, os sorrisos voltam, os copos afastam-se e começam um jogo, não sei exactamente de quê.

 

Vou divagando interiormente. Que raio levará a que as pessoas saiam de casa quando não sentem nenhum prazer em sair?

 

Depois faz-se luz, olho melhor, são casais mesmo, têm-se como garantidos.  

.

Ali não mora a vertigem da caça, não há jogos de sedução, não sentem a necessidade de se mostrar interessantes.

 

E por isso já não há conversa, sim um jogo de cartas num bar algures no Bairro Alto.

 

Pergunto-me se a generalidade das pessoas, por baixo da casca divertida e interessante, será mesmo o deserto interior que tantas vezes encontro.

 

Não há o tónico da conquista, a perspectiva de sexo, e tudo se acinzenta.

.

Onde ficará o conteúdo, as opiniões, os temas de interesse, a discussão de ideias, o prazer da conversa pela conversa?

.

Sexo é muito, muito bom. Jogos de sedução inteligentes são verdadeiramente estimulantes.  Mas só isso é tão poucochinho...

 

A palavra que me vem à cabeça é condenados.         

 

Música: Metallica -- Nothing Else Matters

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