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Little Drop of Poison

veneno avulso com antídoto incorporado

veneno avulso com antídoto incorporado

Little Drop of Poison

31
Mar07

Ágape

antídoto
Olhou de novo a camisa que tinha nas mãos, era linda e ficaria fantástica nele.
Uma ruga de preocupação surgiu-lhe na testa, era caríssima e ia ficar sem dinheiro para o resto do mês.
Num impulso dirigiu-se à caixa e pagou, ele ia lá a casa nessa noite e queria fazer-lhe a surpresa.
Assim que chegou do trabalho dirigiu-se para a cozinha. Já tinha deixado a peça de carne condimentada, preparou as batatas, ligou o forno, fez a salada, colocou a melhor toalha na mesa, os pratos, talheres, a vela…
Tomou um duche rápido, fiscalizou o forno, secou o cabelo, barrou-se, maquilhou-se, vestiu-se, perfumou-se, olhou-se, achou-se bem.
Colocou a carne assada numa travessa funda, rodeada das batatinhas e abriu o vinho, para respirar.
Estava em cima da hora, tinha conseguido.
Tirou o avental, mirou-se de novo ao espelho, retocou os lábios e sorriu feliz, imaginando a surpresa dele e a noite que se seguiria.
Devia estar mesmo a chegar, pensou enquanto respirava fundo.
O telefone tocou.
- Ana, sou eu. Olha, hoje joga a selecção e a malta agarrou-me aqui.
- Óh, querido, estava à tua espera...
- Desculpa, vemo-nos amanhã, tá bem?
- Sim, amor, não há problema, diverte-te. Beijinho.
Sentou-se e jantou em silêncio, com os olhos toldados pela mágoa.
Limpou e arrumou a cozinha, viu um pouco de televisão e deitou-se.
Assim passou o primeiro aniversário de namoro.
29
Mar07

Eros

antídoto
Explodiu num orgasmo longo, intenso, gemido, enquanto ela o abraçava com força, apertando-o contra si no auge do prazer, desejando fundir-se no corpo dele, sentindo um amor tão esmagador, que transbordou em lágrimas soltas de paixão.
Olhou-a longamente, maravilhado pela plenitude daquele momento, em que só eles existiam no universo.
Tinham feito amor, não sexo, moldando as almas e os corpos, de uma forma pura, perfeita e absoluta.
Abraçou-a, desejando parar ali o tempo, beijando-lhe as lágrimas, os lábios, o cabelo, enchendo-a de festinhas, de ternura, de paixão, querendo transmitir-lhe a emoção que o dominava.
Quis dizer-lho, mas não havia palavras que o traduzissem e da sua voz rouca apenas se ouviu: Amo-te
28
Mar07

O amor é tão bonito... Ou não é?

antídoto
Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma óptima posição no ranking das virtudes, o facto é que o amor ainda lidera com folga.
Tudo o que todos querem é amar e ser amados, mesmo que os racionais e/ou desiludidos afirmem o contrário.
Apesar da evolução dos costumes, da emancipação feminina e da cada vez maior liberdade sexual, creio que, consciente ou inconscientemente, aquilo a que todos aspiram é encontrar alguém que faça bater forte o coração, justifique loucuras, nos faça entrar em transe, fazer figuras ridículas, cair de quatro, revirar os olhos, rir à toa, cantarolar o dia inteiro e sentir aquela felicidade transbordante que a paixão nos transmite.
Há milhentas definições do que é a paixão e o amor, poéticas, filosóficas, cientificas e sei lá eu que mais. Mas encontrei um escalonamento que achei interessante e que, na minha opinião, define melhor a actual ambiência social, as diversas personalidades e correspondentes formas de amar, ou seja, a Lógica da Paixão.
Eros - É a paixão romântica dos poetas. Envolve forte atracção física e desejo sexual. Acontece de repente e pode terminar de modo abrupto. O apaixonado não consegue controlar esse sentimento intenso e irracional e, segundo uma pesquisa efectuada o ano passado em Itália, gasta no mínimo 4 horas por dia a pensar no ser amado. Quem experimenta essa sensação inebriante não mede consequências. Só uma coisa importa: ser correspondido. Este é o amor presente em nove de cada dez filmes de Hollywood.
Ágape - Em grego significa altruísmo, generosidade. A dedicação ao outro vem sempre antes do próprio interesse. Quem pratica este estilo de amor entrega-se totalmente à relação e não se importa de abdicar das próprias vontades para conseguir a satisfação do ser amado. Investe constantemente na relação, mesmo sem ser correspondido. Sente-se bem quando o outro demonstra alegria. No Limite é capaz até mesmo de renunciar ao parceiro se acreditar que ele pode ser mais feliz com outra pessoa.
Mania - Quem já experimentou uma ligação amorosa do tipo montanha-russa, um dia nas nuvens e outro no fundo do poço, conhece o estilo Mania. É a paixão obsessiva e ciumenta. O indivíduo acha sempre que não é amado tanto quanto ama. Requer provas de amor inesgotáveis e é capaz de loucuras para chamar a atenção do ser amado. Tem tanto medo do abandono que o parceiro acaba indo embora de verdade. "Mania é o lado escuro de Eros", define a psicóloga Americana Irene Frieze, da Universidade de Pittsburgh.
Ludos - Em Ludos o amor é uma brincadeira que muitas vezes se limita a uma única noite. O desafio da conquista é mais atraente do que a pessoa que se tenta seduzir. O conquistador evita os compromissos. Pode cultivar mais de uma relação ao mesmo tempo. Mesmo quando a ligação é duradoura, ele procura encontros fugazes durante o mesmo período. Se gosta de sexo mas nunca, ou raramente, se apaixona, ou se tem uma paixão nova a cada duas semanas, o seu tipo pode ser Ludos.
Storge - Certos romances começam de uma maneira tão gradual que os parceiros nem sabem dizer quando. Histórias assim enquadram-se no estilo Storge, nome da divindade grega da amizade. A atracção física não é o principal. Nada de noites incandescentes. O que conta é a confiança mútua e os valores partilhados. Os românticos desprezam esse tipo de ligação. Mesmo assim, nas pesquisas, os amantes do tipo storge revelam satisfação com a vida afectiva.
Pragma - Como o próprio nome indica, é o estilo dos pragmáticos, de quem dá prioridade ao lado prático das coisas. O indivíduo avalia todas as possíveis implicações antes de embarcar num romance. Se o namoro aparenta ter futuro, ele investe. Se não, desiste. Cultiva uma lista de pré-requisitos para o parceiro ou parceira ideal e pondera muito, antes de se comprometer. Procura um bom pai ou uma boa mãe para os filhos, leva em conta o conforto material e está sempre cheio de perguntas. O que será que a minha família vai achar? Se eu me casar, como estarei daqui a cinco anos?

Cá para mim Ludos e Pragma estão a ganhar a corrida, verdade?
26
Mar07

É disto que o meu povo gosta

antídoto
Porque estou com mau feitio, porque me recuso a comentar o ‘facto’ de o Salazar ser o maior português de todos os tempos e porque afinal parece que é disto que o meu povo gosta... aqui vai disto.

Local que detém o record mundial de gente a estatelar-se ao comprido...


Irra que devia ser cá uma peste...


Tadinhos dos bichos...


Meus Deus, só soube disto agora...


No acto da inscrição oferece-se o chicote...
23
Mar07

Si cariño, pero no me gusta

antídoto
Sexo e amor são coisas distintas e é um facto que, sendo ideal tê-los em simultâneo, o sexo pode acontecer sem amor (já do contrário tenho sérias dúvidas).
Mas onde quero chegar é que, para mim, para haver estímulo tem que haver também uma coisa essencial, o desejo alheio. E nunca percebi como é que se pode sentir desejo por alguém que está ali a trabalhar.
Porém, porque não gosto de basear as minhas opiniões apenas no empirismo, decidi, há uns anos atrás, tirar a coisa a limpo de uma vez por todas.
Assim, após uns telefonemas, lá me dirigi ao local próprio onde até comecei por ficar bem impressionado com o bom aspecto das moças.
Ultrapassada a fase negocial, vi-me num quarto agradável e asseado, com uma hora pela frente.
Ela começou a tentar cumprir o seu papel e eu juro, mas juro mesmo, que me esforcei. Mas era como se ela estivesse sentada a carimbar impressos, o meu amiguinho só bocejava e acabou mesmo por tirar uma soneca.
Tadinha, chegou a um ponto que já só me ria com os esforços heróicos dela e com os olhares de comiseração que me lançava. Finalmente, lá lhe disse que era óptima, eu é que tinha problemas e ponto final.
Maneiras que foi a massagem nas costas mais cara da minha vida.


P.S. - Não tenho nadinha contra a prostituição, acho inclusivamente que se trata de um serviço público absolutamente essencial, uma profissão de desgaste rápido que deveria ser regulamentada para protecção de todos.
22
Mar07

Purgatório

antídoto
A enfermeira ajeitou-lhe o lençol e abandonou o quarto, depois de lhe ter lido as declarações de monsenhor António Cañizares, cardeal arcebispo de Toledo e vice-presidente da Conferência Episcopal Espanhola, sobre o facto de ter sido desligado o ventilador que há dez anos mantinha viva Inmaculada Echevarría, de 51 anos, sofrendo de distrofia muscular progressiva.
As palavras ecoam-lhe na mente: "Foi um suicídio assistido ou eutanásia. Aos pacientes com doenças incuráveis ou degenerativas devem ser extremados os cuidados, acompanhá-los, estar ao seu lado com amor, ajudá-los a descobrir o sentido da dor e do sofrimento, mostrar-lhes a solicitude humana e cristã, levantar o seu ânimo, a sua fé e a sua esperança".
Rodou o olhar pelo espaço exíguo onde se encontra há já seis anos, reconhecendo cada racha, cada mancha nas paredes, ouvindo o som monocórdico do aparelho que o mantém a respirar.
É este o seu universo, o seu único exercício, diário e permanente.
Há muito que aceitou o seu destino, já não sente revolta, depressão ou auto-comiseração, mas a raiva e o desalento são suas companheiras de cama e as palavras do representante da igreja católica tinham funcionado como gasolina no lume.
Quem se julgam estes senhores para, do alto do seu poleiro, se arrogarem o direito de decidir da existência dos outros? Sim, porque ele existe, não vive. E transborda de um quase ódio pela impossibilidade absoluta de poder decidir pelo fim do nada que possui.
Em todo o mundo se matam pessoas em guerras fratricidas, morre-se de fome, de doença, de acidentes de todo o género, de suicídios... e ele condenado à pior de todas as mortes, a mais dolorosa e inaceitável, a não vida.
Quem lhe dera ter nascido cem anos mais cedo, antes de surgir a maldita tecnologia que empurra o ar para os seus pulmões.
“Ajudá-los a descobrir o sentido da dor e do sofrimento, mostrar-lhes a solicitude humana e cristã, levantar o seu ânimo, a sua fé e a sua esperança”?!
Padreca idiota, não há nenhum sentido na dor e no sofrimento.
E se desde sempre acreditou que nada há para além da vida, que tudo acaba com ela, como pode ter ânimo, fé ou esperança?
Cerrou os olhos com força, bloqueando todos os pensamentos, única forma de suportar a amargura imensa de saber que terá de ficar assim ainda anos... até poder descansar.
20
Mar07

Hipnótica

antídoto
Viu-a entrar no restaurante e ficou fascinado com o seu andar ondulante, o peito generoso, a cintura fina e aquela cara de anjo, adornada pelo cabelo escuro e comprido.
Ela sentou-se na mesa em frente à sua e sorriu-lhe, adivinhando-lhe a admiração.
Ao longo da refeição fixou-a repetidamente, sentindo-se simultaneamente constrangido e maravilhado pela forma como ela lhe devolvia o olhar, com uma expressão divertida e acolhedora.
Não conseguiu evitar uma erecção ao vê-la ajeitar, distraidamente, a alça do soutien carmim.
Finalmente ela levantou-se e dirigiu-se aos lavabos, sorrindo-lhe de novo ao passar junto dele.
Não resistiu, pousou o guardanapo e seguiu-a, entrando no estreito corredor onde a tinha visto desaparecer.
Empurrou a porta de acesso comum aos lavabos, sentindo-se corado e ofegante e caminhou, pé ante pé, para a única porta fechada, onde encostou o ouvido.
Passado um minuto dobrou-se, tentando espreitá-la pelo buraco da fechadura.
De repente sentiu uma dor lancinante na orelha e foi afastado da porta.
- Não tens vergonha, João Manuel?! - gritou-lhe a mãe - Um homem com 14 anos nestes preparos!!?? Ainda se fosses um bebé…


Four Seasons - I Can't Take My Eyes off You

19
Mar07

O prazer

antídoto
A vida é cheia de pequenos prazeres que, todos somados, fazem da vida… um prazer.
O despertador para meia hora mais cedo, um duche mais prolongado, sentindo a água a acariciar a pele, sonhando acordado.
Um copo de leite frio, olhando pela janela.
Sair de casa para um Sol acolhedor.
Ver e ouvir a Primavera a chegar.
Tomar um café sem pressa, observando as pessoas, tentando adivinhar-lhes o estado de espírito e outros estados.
O primeiro cigarro do dia.
Um sorriso trocado.
Um pensamento não adiado…

E pronto, desculpem se estavam à espera de outra coisa, mas hoje fico-me pela poesia, noutro dia falamos de prazeres mais tácteis.
16
Mar07

Sem garantias

antídoto
“Pareces ser tudo aquilo que quero, tudo aquilo que preciso, mas não confio os meus sentimentos nunca mais.
Digo apenas o que quero dizer... preciso de ser mais cuidadoso(a) do que antes.
As palavras que dizes, admito, sei que as quero ouvir. Pergunto-me o que significarão elas para ti… sinto-me tão sozinho(a).”

E andamos nisto, a impedir-nos de viver a felicidade, pelo medo da infelicidade.
Se pensarmos um bocadinho talvez percebamos que a contenção, o cuidado excessivo, a aparência de indiferença, são o melhor caminho… para o nada.
Temos que ser nós a construir, mesmo sabendo que na vida e nas relações nunca há garantias...
14
Mar07

A colega nova

antídoto
Ela: Ai, estou tão contente, dêem-me os parabéns.
Eu: Parabéns!
Ela: Então nem queres saber porquê?
Eu: Vá lá então…
Ela: A minha dieta está a resultar.
Eu, mirando-a: Emagreceste?
Ela, esfuziante: 300 gramas!!

Eu, vendo-a comer desalmadamente: Então não querias emagrecer?
Ela: Ai, cala-te, estou tão preocupada.
Eu: Então porquê?
Ela: Para a semana tenho consulta com a nutricionista e o meu marido quer ir também, para fazer queixinhas que eu não cumpro a dieta.
Eu: E depois, queres enganar a médica, é?
Ela: Ó pá, ela ralha tanto comigo…

Ela, terminando o 3º telefonema para o filho: Ai, estou tão preocupada.
Eu: Que aconteceu?
Ela: O meu Tiaguinho está constipado.
Eu: E isso é motivo de tanta preocupação?
Ela: Ele está sozinho, coitadinho, não tem ninguém que lhe faça nada.
Eu: Ora, está quase na hora de almoço.
Ela: Não, ele está em Lisboa a estudar.
Eu: Mas afinal que idade tem o teu Tiaguinho?
Ela: 20 anos.

Ela, chegando com cara de caso: Bom dia.
Eu: Bom dia, estás bem?
Ela: Não, estou com uma infecção na garganta.
Eu: E isso pega-se?
Ela: Não brinques que me dói muito.
Eu: Gargareja que isso passa.
Ela: E o meu marido também está doente, coitadinho, anda há 3 dias com uma bactéria que lhe está a comer a pele dos pés.
Eu: Olha lá, onde é que tu tens andado com a boca, hun?

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