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Little Drop of Poison

veneno avulso com antídoto incorporado

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Little Drop of Poison

27
Dez06

A alma lusitana

antídoto
A alma lusitana tem especificidades próprias que, de tão habituados, nem nos damos verdadeiramente conta.
Para perceber a real dimensão do que somos, nada como residir uns meses no estrangeiro. E quando digo estrangeiro nem me estou a referir, sequer, à Europa, porque serve perfeitamente, por exemplo, qualquer país da América latina.
Somos o país em que não se fala alto e, muito menos se dá uma gargalhada em público, porque parece mal. O nosso desporto preferido é a maledicência rasteira, a crítica pela crítica, o boato. Damos como bom, julgamos e crucificamos pelo nos dizem, sem parar um minuto para pensar ou julgar por nós próprios. Não procuramos informar-nos, aceitamos e papagueamos, sem pôr em causa, sem discutir, sem analisar, o que nos é dito pelo amigo, o que lemos no jornal, o que vemos na televisão.
O desgraçado perdeu uma perna num acidente? Vá lá, vá lá, podia ter sido pior…
Temos uma tendência vincada para a tristeza, para a infelicidade, para a depressão, para a subserviência, para a saudade, para o ‘fado’, para a falta de ‘nervo’, enfim, para não sabermos viver.
Respondemos ao cumprimento alheio com um apagado ‘vai-se andando’.
A vida é um fardo que temos que carregar, os chefes são sempre uns malandros, o trabalho é sempre uma frustração, dedicamo-nos a controlar o colega de trabalho, se faz ou não faz, se chega, ou não, a horas e, pois claro, ganhamos sempre mal, até porque somos todos excelentes no que fazemos e vítimas da conjuntura e, principalmente, do Governo, esses malandros que nasceram para nos fazer a vida negra.
Envergonhamo-nos dos nossos símbolos nacionais, porque é uma pirosice vestir uma tshirt com as nossas cores e ‘Portugal’ impresso no peito (realmente…), mas achamos muito natural envergar algo que diga ‘I Love Barcelona’, ‘Born in USA’, ou algo no género.
Não lemos, não pintamos, não tocamos um instrumento, não frequentamos museus, galerias de arte, teatros, exposições, mas a nossa frase preferida é ‘nesta cidade não há nada para fazer’.
E, mea culpa, o que escrevi acima é, nem mais nem menos, a ladainha que passamos a vida a repetir.
Será que algum dia mudaremos? Será que levantaremos o rabinho do sofá? Será que algum dia começaremos a fazer alguma coisa por nós próprios?
Xiça que ando fartinho de lamúrias!!!

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