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Little Drop of Poison

veneno avulso com antídoto incorporado

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Little Drop of Poison

19
Jan07

Diferenças entre homens e mulheres

antídoto
Ui, este tema daria para horas de conversa, inúmeras abordagens, mil e uma opiniões diferentes.
Vi-o discutido aqui e lembrei-me de um texto que saquei há alguns anos da net e que acho sugestivo no que respeita à forma como homens e mulheres pensam.
Adaptei-o e aqui vai ele, se alguém tiver conhecimento da autoria agradeço que me informe.
---
O Paulo sente-se atraído pela Carla e convida-a para ir ao cinema. Ela aceita e passam momentos agradáveis juntos. Alguns dias depois convida-a para jantar e repete-se, adoram a companhia um do outro.
Continuam a ver-se regularmente e, passado pouco tempo, deixam de sair com outras pessoas.
Então, uma noite, enquanto ele a vai levar a casa de carro, ela fica pensativa.
Sem se dar conta diz alto:
- Percebeste que faz hoje exactamente seis meses que andamos juntos?
E então há aquele silêncio no carro que, para Carla, parece uma eternidade.
De imediato ela pensa: Que burra, tinha que me sair este comentário? Será que ele ficou chateado? Talvez esteja a sentir-se sufocado com a nossa relação, talvez pense que o estou a pressionar para um compromisso que ele ainda não quer, ou ainda não está seguro de querer.
E ele está a pensar: Caramba, já seis meses!!!
E Carla pensa: Hei, calma lá, eu também ainda não estou certa de querer este tipo de relação. Às vezes acho que seria melhor conservar o meu espaço, tenho mesmo que decidir se quero continuar a avançar nesta direcção. O que é isto, afinal? Vamos continuar a ver-nos assim ou será que vamos a caminho de um casamento, de filhos, enfim, de uma vida longa juntos? Estarei eu pronta para este tipo de compromisso? Realmente conheço esta pessoa?
E Paulo pensa: Então isto significa que foi... vejamos... em Fevereiro que começámos a sair juntos. Foi exactamente quando comprei o carro. Isto significa... deixa ver os quilómetros... Porra! Já devia ter ido à revisão dos 5.000 Km!!!
Ela pensa: Ele está preocupado, nota-se-lhe na cara. Devia ter ficado de boca fechada. Talvez ele queira mais da relação, mais intimidade, mais cumplicidade. Talvez ele tenha sentido, mesmo antes de eu o perceber, que sou demasiado reservada. Sim, aposto que é isso. É por isso que ele está tão relutante em dizer alguma coisa sobre seus sentimentos, está com medo de ser rejeitado…
E Paulo pensando: Tenho que levar o carro à revisão e dizer-lhes para verem novamente este barulho na transmissão. Quero que se lixe o que eles dizem, o barulho diminuiu, mas continua. Vão repetir que o motor está em rodagem e é natural. Mas que natural? Com 5.000 KM? É melhor nem me dizerem isso. Rodagem era para os motores de há 30 anos atrás. Estamos no século XXI e o carro faz o barulho de um camião do lixo. E paguei eu uma fortuna àqueles ladrões pelo carro.
E a Carla pensa: Bolas, ele está mesmo zangado e não o culpo, eu também ficaria. Meu Deus, que falta de jeito, pu-lo mesmo entre a espada e a parede!
E ele: Os sacanas provavelmente vão dizer que o problema não está incluído na garantia. Quando é para vender prometem mundos e fundos, mas depois…
E a Carla ainda pensa: Talvez eu seja demasiado idealista, sempre à espera de encontrar um cavaleiro andante, montado num belo cavalo branco. Aqui estou eu, sentada ao lado de uma pessoa boa, uma pessoa com quem eu gosto de estar, uma pessoa com que eu me sinto bem, um homem que parece verdadeiramente interessado em mim e que está chateado devido ao meu egoísmo, à minha palermice, à minha fantasia romântica...
E Paulo remói: Fora da garantia, fora da garantia... Eu dou-lhes a maldita garantia. Vou pegar na garantia e mandá-los metê-la no...
- Paulo - diz Carla.
- Sim? - diz Paulo.
- Por favor, não te tortures com isso - diz ela, com os olhos a ficarem brilhantes de lágrimas - eu não devia ter comentado... ohh… sinto-me tão... – e começa a soluçar.
- O que foi? – Pergunta Paulo, preocupado, tentando lembrar-se o que raio comentou ela. Devia ter estado atento, agora não sabia sequer o que dizer.
- Deixa, eu sou uma tola, responde Carla, entre soluços, eu sei que não há nenhum cavaleiro, acredita que sim. Que Tolice. Não há cavaleiro e não há cavalo.
- Não há cavalo? - pergunta Paulo, perplexo.
- Estás a pensar que sou uma tonta, não é?
- Não, diz Paulo, feliz por finalmente saber uma resposta correcta.
- É só porque... é só porque... eu preciso de algum tempo, diz Carla.
Passam-se uns 15 segundos enquanto Paulo pensa rapidamente, tentando perceber o que se passa e encontrar uma resposta segura. Finalmente lá avança com a única que acha que se pode encaixar, não arriscando revelar que não está a perceber absolutamente nada do que se está a passar.
-Sim....
Carla, profundamente comovida, toca-lhe na mão.
- Oh , Paulo, sentes realmente assim?
- Sobre o quê? – arrisca ele.
- Sobre o tempo - diz ela.
- Ah… sim, diz Paulo a medo.
Carla segura-lhe o rosto e olha-o nos olhos, provocando-lhe um certo nervosismo relativamente ao que ela poderá dizer a seguir, especialmente se envolver um cavalo.
Por fim ela diz:
-Obrigada, Paulo, és um homem maravilhoso.
- Obrigado a ti também, responde ele.
Finalmente chegam, ela entra em casa, deita-se na cama e conversa longamente com a sua torturada alma, vira-se pra cá e pra lá até altas horas da madrugada. Entretanto Paulo volta para o seu apartamento, abre um pacote de batatas fritas, liga a TV, e começa a ver o resumo um jogo de ténis entre dois jogadores eslovacos de quem nunca tinha ouvido falar antes.
Uma voz no fundo da sua mente sussurra-lhe que poderá haver algo sério relacionado com o barulho do carro, mas que mais vale não pensar muito nisso, porque não entende nada de mecânica.
No dia seguinte Carla telefona para a sua melhor amiga, ou antes, para as suas melhores amigas e conversam sobre a situação durante seis horas sem parar.
Analisam em detalhe tudo que foi dito, repetem muitas vezes, exploram todas as hipóteses, cada palavra, expressão e gesto, para tentarem entender todas as nuances, considerando cada detalhe e possível ramificação.
Continuam a discutir o assunto, repetidamente, durante semanas e meses, nunca chegando a uma conclusão definitiva, mas nunca se fartando de tocar no tema.
Um dia, enquanto joga ténis com uma amiga comum, Paulo faz uma pausa e antes de beber um copo de água, pergunta:
- Ó Fátima, a Carla tem algum cavalo???

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